Se me perguntassem quem era Augusto Pontes, essa figura carismática da cultura cearense que Deus levou recentemente para outra esfera, eu repetiria tudo que já se falou dele, acrescentando apenas isso: era um homem que acreditava nas pessoas. Digo isso porque não devo ter sido uma privilegiada com relação à sua fé no ser humano. Eu não fiz parte do seu círculo de amizades, nem freqüentei suas rodas de boemia. Era apenas uma admiradora distante. Fã mesmo. Eis que um dia ele se torna presidente da Fundação Cultural de Fortaleza. Nesta época eu me encontrava um tanto distante da escrita, há anos não publicava, metida com movimentos sociais, leitura e estudo. Instigada pelo curso de especialização em Teoria da Literatura, pensei em publicar minha monografia, Mulheres de Papel, um ensaio sobre o personagem feminino através dos vários estilos de época. O livro ficou pronto e eu sem dinheiro para publicar.
Então, pensei em ir falar direto com o Augusto Pontes na Fundação Cultural. Talvez uma ousadia, por ele não me conhecer e ser uma pessoa de grande relevância no panorama cultural local. Anunciei-me já pensando: ele não vai me receber, por que iria? Mas ele abriu-me a porta sem protocolo, me mandou sentar e fui logo falando que estava ali porque ia desistir da minha carreira literária devido a total falta de dinheiro para publicar minhas obras. Eu falei, falei, e ele não quis muito papo. Só respondeu: “Jamais! Você não vai desistir da sua carreira literária por falta de incentivo”. Prometeu-me uma resposta dali a 15 dias.
Não me perguntem como foi nem se isso é possível. Mas eu saí da Fundação aturdida com um bolo de dinheiro que mal cabia na minha bolsa. Só foi o tempo de reunir meus escritos e entrar na primeira gráfica. Com pouca experiência, a edição saiu péssima, mas com bom conteúdo.
Para mim somente uma coisa importava: Aquele “cara” impulsivo, mais do que ceder a minha chantagem literária, acreditou na jovem escritora emergente. Eu nunca mais deixaria de escrever.
Nilze Costa e Silva
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