Com açúcar, com afeto

Não é só poesia pela poesia. Segundo Reginaldo Figueiredo, arte-educador e poeta, o “Chá com poesia”, outro evento que mantém encontros em Fortaleza, tem um objetivo a mais: promover a auto-estima, engrandecer as pessoas. A idéia, que se firma já em sua quarta edição, surgiu há dois anos. “Conversando com o poeta Ítalo Rovere, discutimos a falta de um espaço para a poesia”, revela. O nome do lugar para abrigar o encontro não poderia ser outro: Templo da Poesia. “É um tempo dentro do templo e fora do tempo, onde as pessoas têm a chance de se comunicar”.

Além deles, a escritora Nilze Costa e Silva, que fundou em 2001 o grupo “Poemas Violados”, do qual também participam Ítalo e Reginaldo, é uma das integrantes. Como não poderia deixar de ser, a formação influenciou a estrutura do Chá. Além de decl amação, o evento é musicado. Arnaldo Sá é o responsável pela tarefa: após algumas apresentações, ele toca canções relacionadas ao tema.

Realizado no primeiro sábado de cada mês, o encontro é aberto ao público e conta com lanche, levado pelos participantes. “Pensamos em vários nomes até que chegamos a ´Chá com poesia´, porque acontece no final da tarde, como o chá das cinco dos ingleses”, conta. Além da influência européia, o “Chá” pretende ter a cara do Ceará, justamente pela proposta de ser um “tempo fora do tempo”. “É um espaço para a poesia, assim como fizeram os intelectuais da Padaria Espiritual, um grupo que somente agora começa a ser valorizado. Se tivesse ocorrido no Sudeste, já estaria na história do País”.

Com uma média de 80 a 100 pessoas por encontro, segundo Reginaldo, o “Chá” recebe gente de todo tipo. Há até histórias curiosas, como o caso de um professor que sempre desvia a rota si mplesmente para dar um “alô” e pedir: “Quero ouvir um poema”. Cantores, desenhistas, universitários, pessoas ligadas à comunidade do Bom Jardim estão entre o público heterogêneo.

Com hora para começar e não para terminar, o encontro, de acordo com o arte-educador, é somente parte de outras atividades realizadas no Templo da Poesia. Nas segundas e quintas-feiras, ocorrem debates sobre um poeta em específico; já nos últimos sábados de cada mês, há uma espécie de ensaio de declamação, nos quais poetas mais tímidos ou que não estão habituados a recitar suas poesias treinam a apresentação, com a ajuda de amigos poetas. “É um lugar de experimento, de contato com o palco. Costumamos recitar somente poesias nossas”.

Matéria do jornal Diário do Nordeste, de 11/07/2009